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Mostrando postagens de abril, 2008

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UM CHOQUE DE CULTURAS AO SOM DOS TAM-TAMS

Por Hermano Vianna e Jean-Yves de Neufville (Bizz - 04/1987) Em meio à evolução tecnológica mundial, inúmeras bandas africanas estão segurando firme o cipó que as leva do mato ao computador, sem escalas. Hermano Viana e Jean-Yves de Neufville entraram nessa selva, sobreviveram e contam tudo. Coitadinho do rock inglês! A imprensa brasileira já decretou: chegou a hora da "onda black". Do dia para a noite (ou vice-versa), todo mundo passou a "adorar" hip hop, merengue e companhia. A mudança foi radical, saudada até com gritos de independência. Os darks perderam repentinamente seu mistério e seu charme. Não são mais novidade, nem notícia. Agora, faz mais sucesso um belo bronzeado, um rebolado sensual, qualquer música "caliente". As roupas pretas e os discos do Joy Division devem ser aposentados. Sem arrependimentos. Mais um modismo? É claro que sim. As modas são absolutamente necessárias. Elas dão novo colorido ao espírito do tempo, afugentando o tédio e a poe

Piratas de todo o mundo, uni-vos!

por Hermano Vianna (Bizz - 01/1989) Tudo bem. World music é rótulo inventado pelos marketeiros da indústria fonográfica, mas até aí morreu o Neves. Rótulos e mais rótulos são produzidos todos os dias. A maioria desaparece em questão de segundos. Um rótulo só vinga quando entra em sintonia com o espírito de sua época, satisfazendo os misteriosos desejos de um público sempre à cata de novidades. World music é um fenômeno típico dos anos 80. Como rótulo é um tanto vago. Eu prefiro global pop. É mais claro e preciso, vai direto ao assunto. Porque aqui é o pop que interessa e não qualquer música tradicional criada num cafundó perdido do planeta. Em outras palavras: o "Terceiro Mundo" deixa de estar condenado a repetir eternamente uma fajuta macumba para turistas, classificada e "preservada" como autêntica. Os músicos da periferia - ou seja, fora da Europa e dos Estados Unidos - reivindicam seu direito à modernidade, à eletrônica, ao rock, ao funk, ao diabo a quatro. E nã

O CALDERÃO EFERVESCENTE DO TERCEIRO MUNDO

por Pepe Escobar (Bizz - 01/1989) O mapa da música se expande. O boom afro de alguns anos atrás foi acrescido agora de sons vindos da Ásia, do Oriente Médio, da América Latina e da Europa Oriental. O que até agora só merecia os adjetivos "exóticos" ou "folclórico", virou a febre do Primeiro Mundo - toca na rádio, está nas paradas... É o futuro? Ou é apenas mais uma jogada de mercado? Já há dois mil anos o historiador Plínio, o Velho, escrevia que "sempre há alguma coisa nova vinda da África". No umbral do terceiro milênio, o ocidente branco, afluente e, em teoria, civilizado descobriu finalmente que alguma coisa nova não só vem da África como do Oriente Médio, do Islam, dos Balcãs, da Ásia Oriental, dos confins da América do Sul. Essa é a questão de fundo em torno da world music - um dos rótulos capitais da indústria transnacional da música a partir de 87. World music é um guarda-chuva de marketing. Significa "música de todo o mundo"? Não. Signi