Seun Kuti
Filho de Fela Kuti revê afrobeat
O músico nigeriano Seun Kuti retoma o gênero criado pelo pai em seu CD de estréia, "Many Things"
Disco é parceria com a Egypt 80, "big band" que tocou com Fela nos anos 80 e 90; Seun teve ajuda de Barack Obama para tocar nos EUA
BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Eu sou totalmente influenciado pela música do meu pai", diz o nigeriano Seun Kuti. E é difícil não lembrar de Fela Kuti, um dos maiores músicos africanos -se não o maior-, ao ouvir o álbum de estréia de Seun, "Many Things".
O músico herdou do pai as letras de cunho político, o afrobeat (uma fusão entre jazz, funk e ritmos africanos criada por Fela nos anos 60), que percorre o disco, além da banda que o acompanhou na década de 80 e no começo dos anos 90.
Desde a morte do pai, vítima da Aids em 1997, Seun, 26, lidera a Egypt 80, uma das mais reverenciadas bandas em atividade, que bebe na tradição das "big bands", com um entrosamento de mais de 20 anos.
Doze dos 16 membros do grupo tocavam com Fela em shows diários no clube do músico, o Shrine, em Lagos (Nigéria).
Seun (pronuncia-se Shehoun) era uma espécie de mascote da banda, com a qual viajava, dançava e cantava desde os oito anos de idade. "Eu nunca quis ser o homem de frente da Egypt, mas depois da morte do meu pai, pensei: "E se eu continuar a tocar com ela?"."
Acompanhado pela banda, Seun canta letras sobre corrupção, descaso das autoridades e doenças, como em "African Problems" e "Mosquito Song".
Há em seu jeito de cantar uma visível influência do rap. O inglês, que escolheu para cantar suas faixas e que não esconde seu forte sotaque nigeriano, é herança do período em que estudou música na Inglaterra, assim como o pai nos anos 60.
Mas Seun não é o único músico da família: Femi Kuti, também bastante influenciado pelo afrobeat, tocou no Brasil na última edição do festival Free Jazz Festival, em 2000.
Barack Obama
Antes da turnê européia com a qual segue atualmente, Seun passou pelos EUA. O músico e sua banda só obtiveram o visto depois de uma intervenção de Barack Obama, fã de Seun.
O país tem hoje uma série de bandas influenciadas pelo afrobeat, como Nomo, Budos Band ou Antibalas, que reforçam a revitalização que Seun faz do gênero. "Eu gosto do que eles estão fazendo porque mostra que o gênero está crescendo", diz. "Já tinha cansado de ouvir as pessoas dizerem que o afrobeat era uma coisa antiga."
MANY THINGS
Artista: Seun Kuti & Fela's Egypt 80
Gravadora: Disorient
Quanto: US$ 14,99 (R$ 24,19; mais taxas) na Amazon (www.amazon.com)
Fonte: Folha de São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008
O músico nigeriano Seun Kuti retoma o gênero criado pelo pai em seu CD de estréia, "Many Things"
Disco é parceria com a Egypt 80, "big band" que tocou com Fela nos anos 80 e 90; Seun teve ajuda de Barack Obama para tocar nos EUA
BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Eu sou totalmente influenciado pela música do meu pai", diz o nigeriano Seun Kuti. E é difícil não lembrar de Fela Kuti, um dos maiores músicos africanos -se não o maior-, ao ouvir o álbum de estréia de Seun, "Many Things".
O músico herdou do pai as letras de cunho político, o afrobeat (uma fusão entre jazz, funk e ritmos africanos criada por Fela nos anos 60), que percorre o disco, além da banda que o acompanhou na década de 80 e no começo dos anos 90.
Desde a morte do pai, vítima da Aids em 1997, Seun, 26, lidera a Egypt 80, uma das mais reverenciadas bandas em atividade, que bebe na tradição das "big bands", com um entrosamento de mais de 20 anos.
Doze dos 16 membros do grupo tocavam com Fela em shows diários no clube do músico, o Shrine, em Lagos (Nigéria).
Seun (pronuncia-se Shehoun) era uma espécie de mascote da banda, com a qual viajava, dançava e cantava desde os oito anos de idade. "Eu nunca quis ser o homem de frente da Egypt, mas depois da morte do meu pai, pensei: "E se eu continuar a tocar com ela?"."
Acompanhado pela banda, Seun canta letras sobre corrupção, descaso das autoridades e doenças, como em "African Problems" e "Mosquito Song".
Há em seu jeito de cantar uma visível influência do rap. O inglês, que escolheu para cantar suas faixas e que não esconde seu forte sotaque nigeriano, é herança do período em que estudou música na Inglaterra, assim como o pai nos anos 60.
Mas Seun não é o único músico da família: Femi Kuti, também bastante influenciado pelo afrobeat, tocou no Brasil na última edição do festival Free Jazz Festival, em 2000.
Barack Obama
Antes da turnê européia com a qual segue atualmente, Seun passou pelos EUA. O músico e sua banda só obtiveram o visto depois de uma intervenção de Barack Obama, fã de Seun.
O país tem hoje uma série de bandas influenciadas pelo afrobeat, como Nomo, Budos Band ou Antibalas, que reforçam a revitalização que Seun faz do gênero. "Eu gosto do que eles estão fazendo porque mostra que o gênero está crescendo", diz. "Já tinha cansado de ouvir as pessoas dizerem que o afrobeat era uma coisa antiga."
MANY THINGS
Artista: Seun Kuti & Fela's Egypt 80
Gravadora: Disorient
Quanto: US$ 14,99 (R$ 24,19; mais taxas) na Amazon (www.amazon.com)
Fonte: Folha de São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Comentários
Obrigado pela atenção
Carlos